COP30: Comissão Indígena terá voz nas negociações climáticas

manifestação indígena

Grupo apresentará demandas climáticas específicas e defenderá a proteção de territórios tradicionais

O governo federal, em conjunto com lideranças indígenas, anunciou nesta quinta-feira (10) a formação de uma Comissão Internacional Indígena para atuar diretamente nas discussões da COP30, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, que ocorrerá em novembro de 2025, em Belém (PA). O lançamento oficial aconteceu durante o Acampamento Terra Livre (ATL), maior assembleia indígena do Brasil, que celebrou sua 21ª edição este ano em Brasília.

A comissão será presidida pela ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, e contará com a participação de entidades representativas, como:

  • Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib)
  • Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab)
  • Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (Anmiga)
  • G9 da Amazônia Indígena
  • Aliança Global de Comunidades Territoriais (GATC)
  • Fórum Permanente da ONU sobre Assuntos Indígenas
  • Caucus Indígena (rede internacional de povos originários)
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Manifestação Indígena

Protagonismo indígena na agenda climática
Sônia Guajajara destacou a importância da participação indígena nas decisões globais sobre o clima: “Sempre lutamos para que os povos indígenas estivessem no centro desse debate. Nossos territórios são barreiras comprovadas contra o avanço da monocultura, da mineração e do agronegócio, garantindo a preservação ambiental.”

Kléber Karipuna, coordenador da Apib, reforçou que a demarcação de terras indígenas é uma solução concreta para a crise climática: “Precisamos sair do discurso e garantir, na prática, a proteção de nossos territórios e sua biodiversidade.” A expectativa é que mais de 3 mil indígenas participem da COP30, evento que deve reunir cerca de 50 mil pessoas.

Inovação na estrutura da COP30: o Círculo dos Povos
A comissão integra o Círculo dos Povos, uma iniciativa da presidência brasileira da COP30 para ampliar a voz da sociedade civil e dos movimentos sociais nas negociações climáticas. Ana Toni, secretária nacional de Mudança do Clima, afirmou: “Esse mecanismo assegura um diálogo direto entre a organização da conferência e as lideranças indígenas.”

Além desse grupo, haverá três outros círculos de influência:

  1. Liderado pelo presidente Lula e pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, com participação da ministra Marina Silva (Meio Ambiente).
  2. Formado por ministros da Fazenda de diversos países, sob coordenação de Fernando Haddad.
  3. Composto por ex-presidentes de COPs anteriores.

Manifestação em Brasília termina com confronto
No final do dia, participantes do ATL marcharam até a Esplanada dos Ministérios, onde polícias legislativas usaram bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo para conter avanços sobre o gramado do Congresso. De acordo com a Câmara dos Deputados, parte do grupo ultrapassou o limite combinado. A Apib afirmou que o incidente foi isolado e que os manifestantes retornaram em segurança ao acampamento, localizado a 3 km do local.

A COP30 e o futuro das políticas climáticas
Com a criação da Comissão Internacional Indígena, o Brasil reforça o papel dos povos originários na luta contra as mudanças climáticas, destacando a proteção territorial como estratégia essencial para frear o desmatamento e garantir a sustentabilidade global. O evento em Belém promete ser um marco na inclusão de vozes tradicionalmente marginalizadas nas decisões ambientais internacionais.

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