Cuba: redes de solidariedade substituem Estado em colapso

Pobreza e Comunismo

Em meio à escassez generalizada de alimentos, medicamentos e moradia, os cubanos estão construindo suas próprias redes de sobrevivência. Vicente Borrero, 77 anos, é um dos rostos dessa realidade. Deficiente físico e vivendo em uma casa precária em Santiago de Cuba, ele recebeu ajuda de um grupo de cidadãos que arrecadou fundos para comprar-lhe um novo lar – um entre milhares de casos em que a sociedade civil preenche o vazio deixado pelo governo.

A crise em Cuba atinge níveis históricos, superando até o Período Especial dos anos 1990. Com inflação de 24,88% em 2024, 89% das famílias vivendo na pobreza e mais de 460 medicamentos em falta, os cubanos recorrem a grupos de WhatsApp, campanhas online e doações para obter desde remédios até comida. Jornalistas como Guillermo Rodríguez organizam coletas para ajudar desabrigados, enquanto ativistas como Yamilka Lafita conseguem transferências médicas internacionais para pacientes em estado crítico – ações que, segundo ela, são “denúncias vivas de um sistema falido”.

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Pobreza Extrema em Cuba

Enquanto isso, o governo cubano enfrenta acusações de priorizar o controle político sobre o bem-estar da população. Apesar da incapacidade de fornecer serviços básicos, mantém mais de 1.000 presos políticos e responde com rapidez a qualquer protesto. Enquanto a Rússia é vista como possível salvadora da crise energética, economistas alertam que nenhum auxílio externo resolverá os problemas estruturais de um modelo econômico centralizado que há décadas falha em atender seu povo.

Nesse cenário, cresce a distância entre uma nova elite – com acesso a dólares e carros de luxo – e a maioria da população, que depende cada vez mais de uma “cadeia de favores” entre vizinhos para sobreviver. Como resume um cubano: “Aqui, só o povo cuida do povo. O Estado nos abandonou.”

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